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Saudades de...










Por Zanah Rios


Dos inocentes tempos de criança.

Vem quem vem chegando! Pode entrar! Aqui não falta espaço, é igual a coração de mãe! Senta onde te for mais confortável... Fica a vontade! A casa é tua! Este pôster pode parecer um discurso saudosista, bem, de certa forma sim, mas, do ponto de vista positivo, afinal, saudade é aquela coisa gostosa que às vezes sentimos de tudo de bom que realmente teve importância pra nós. São aqueles momentos que se tornaram memoráveis, e que por vezes foram tão simples que no exato instante em que acontecem nem nos damos conta de sua importância futura. Entretanto, são desses retalhos que nossa história é composta e dão cores a nossa vida. Já reparou que algumas coisas nem foram registradas em fotografias?! Lembro dos cheiros da cozinha da minha avó quando ia visitá-la, era delicioso e tudo que fazia tinha um gosto especial de doçura e amor. Lembro das minhas tias apertando minhas bochechas, dizendo aquela frase célebre - menininha fofinha, gostosa da tia!- olha, isso era de matar um! Porém, pra falar a verdade até disso sinto falta! Porque sei que este gesto era verdadeiro, um modo de acarinhar e reconhecer seu grupo de pertença. Adorava passar as férias em suas casas, devo dizer que eu era disputadíssima por elas. Rsrsrsrs... Ué, tô falando sério! Pode perguntar se você não acredita! Cara! Tenho uma tia em especial, seu nome é Maria Angélica, nós a chamamos de Mangeca, adoro pedir sua benção, alguns hão de pensar que isto está fora de moda, que é careta! Para mim tem um significado todo especial, é maravilhoso quando ela responde: Deus te abençoe cabeça de boi! Sabe que até a imito quando meus sobrinhos me pedem a benção! Isto acabou virando uma tradição, e eles ao ouvirem minha resposta, caem na risada! Principalmente os mais jovens. Coisas simples que perduram e nos fazem sentir amados. Vê-los sorrir com a minha resposta não tem preço que pague, e de certa forma, me aproxima desta mulher que tanto me ensinou a cativar as pessoas com seu sorriso amável e seu jeito simpático de levar a vida. Os natais em sua casa, com toda família reunida, costumava ser acolhedor e alegre. Imaginem um bando de crianças correndo por entre os cômodos da casa. Claro que vez ou outra minha vó que era nordestina gritava: Se aquieta menina! Eita que estes meninos são umas pestes! Rsrsrs... Daí sempre tinha aquela que dizia: Deixa mamãe, deixa que são crianças! Nos davámos muito bem e havia o respeito pelos mais velhos, apesar das traquinagens. Os mais chegados , creio que em função da idade, eram o Péricles, Pequinho para os mais íntimos, filho único de tia Maria do Monte Serrat ( tia Monta), Cara! Ele era doidinho! Lembrava o menino maluquinho do Ziraldo! acredita que certa vez quase bota fogo na casa! Vivia fazendo experiências malucas. O Manuel que chamávamos de Saninho, nada a ver né! Rsrsrs... Filho de tia Mangeca, tinha uma peculiaridade que o destacava da maioria, vivia criando histórias malucas. Tínhamos brigas homéricas, mas, sempre o amei, porque apesar disso, tudo se dissolvia nas brincadeiras. Seu irmão, o Marcos, a quem chamávamos de Quinquinho, foi quem pôs este apelido no Manuel. Diz minha tia que ele quando Bebe associou seu nome a um gato de estimação, a quem chamavam de chaninho, então, quando se referia ao irmão fazia um gesto com os dedos e dizia: vem saninho, vem! Pronto, assim acabou ficando saninho mesmo, era mais fácil. A gente aprontava muitoooooooo! Principalmente com a pobre da minha avó. Certa vez, lá em Nova Friburgo, não sei você lembra?! Bem, se leu a postagem anterior a esta, certamente deverá lembrar-se que contei sobre o bosque e tudo mais. Fato, é que estes meus primos foram passar uma temporada conosco, porque minha tia Mangeca teve uns problemas, enfim, coisas da vida! Daí que o Pequinho veio junto. Pra nós era maravilhoso tê-los. Agora imagina uma coisa, éramos cinco, mais quatro, sim, porque também havia a Lucinha irmã dos meninos e a mais nova de todos, além da minha avó, meu pai e minha mãe. Foi um ano incrível! E sabe de uma coisa?! Em nenhum momento lembro de meu pai fazendo uma cara feia por ter que acolhe-los, ao contrário, parecia estar bastante feliz, quando as coisas ficavam apertadas ele dizia: Amanhã pertence a Deus! E nunca nos faltou o essencial. Nuncaaaa! Posso até afirmar que quando dos momentos mais críticos era que nos vinha à fartura, não sei como... Mas, vinha! Massss, voltando a nossa traquinagem... Certo dia nos reunimos e ficamos num dos quartos, entreabrimos a porta e em cima dela, escorada no umbral, pusemos uma bacia cheia de água, simulamos uma briga enquanto os mais novos chamavam minha avó para socorrer, Cara! Tadinha da vó! Quando ela abriu a porta... tomou aquele banho. A gente ria de se bolar , enquanto a pobre, toda molhada, chamava minha mãe pra ajudá-la a nos surrar, quando minha mãe chegou ... Foi um tal de nego pular pela janela e sumir no mato! È meu filho (a) quando a mãe pegava não tinha apelação! Outra vez, quando explorávamos a mata, e como sempre equipados de arcos e flechas feitos de galhos de árvores e barbantes, além de um canivete que meu pai nos deu, ouvimos vozes. Nos aproximamos bem devagar para não chamar atenção, escondidos, vimos um grupo de homens e mulheres. Os homens eram os pacientes do hospital próximo à nossa casa, e as mulheres deviam ser suas namoradas, eles estavam seminus, alguns estavam mesmo em pelo. Imediatamente pensamos... São os inimigos que estão invadindo nosso território! E nos veio a idéia de esconder suas roupas. As recolhemos, peça por peça sem que eles se dessem conta disso. Daí saimos bem devagar levando as roupas conosco, quando estávamos em um lugar que acreditamos ser seguro, nos sentamos pra uma reunião e decidir o que fazer com aquilo. Os mais medrosos diziam. È melhor devolver! Os mais danados diziam... Melhor mesmo é queimar as provas! Os mais novos só ficavam olhando com ar de admiração. Por fim, decidimos enterrar as roupas ali mesmo, e encerrar o assunto. Voltamos as nossas explorações sem nos darmos conta do aperreio que aquelas pessoas passaram, as mulheres pra voltarem pras suas casas e os homens pra regressarem ao hospital. Coitadooooooooos! Bem, dois dias depois quando voltei da escola e vi que todos estavam sentados na sala, coisa pouco costumeira entre nós, já sabia que havia acontecido alguma coisa. Minha mãe com aquele ar de, ah! Te peguei! Começou a dizer que as freiras ( administradoras do hospital), se queixaram a ela e a minha avó, sobre um certo sumiço de roupas no mato, e olhando direto nos meu olhos me perguntou o que eu sabia sobre o assunto. Silêncio total! Todos estavam com os olhos postos ao chão, ordem de minha mãe. Meninooooo(a)! E agora que eu não sabia o que eles haviam contado! Fiquei no maior dilema entre falar a verdade e com isto poder prejudicar a todos, ou mentir e me ferrar de vez. Depois de alguns minutos, resolvi contar a verdade e ver no que dava. Por sorte desta vez ninguém apanhou, na verdade minha mãe até achou graça. Juroooooooo! Não entendi nada! Passamos uns dias confabulando tentando compreender o porquê não tínhamos apanhado.

Um dos momentos especiais se dava à mesa, meu pai sentado à cabeceira, olhava para todos com um ar de patriarca enquanto as mulheres nos serviam, e nós, claro! Esperávamos ansiosos pela surpresa do menu da noite. Geralmente depois do jantar ficávamos em nossos quartos conversando e planejando o dia seguinte. Adorava olhar pela janela e ver as estrelas , enquanto sentia o cheiro de eucalipto advindo da mata - árvore muito comum em Nova Friburgo - Os vaga-lumes faziam um show a parte, piscando na escuridão da noite. Pareciam luzes de natal. A vida modesta e simples que levávamos era repleta de sonhos, aventuras e inocência.

Meus irmãos, meus primos, todos maravilhosos, tão queridos! Lembro que em uma certa manhã, minha mãe mandou que eu fosse a um armazém além fronteira da reserva naval, havia várias maneiras de ir, busquei o caminho mais rápido, porém, lá estavam aqueles ditos pacientes com suas namoradas no meio deste bendito caminho. Como fiquei incomodada com o que vi, decidi voltar por outro percurso que era mais longo e distante da casa. Lá vinha eu toda faceira e na verdade com certo receio de encontrar o bicho mais temível de todos, ( se vocês lembram...O assustador camaleão!) Rsrsrssr... Quando um Rapaz de boa aparência me abordou perguntando um endereço, eu ingênua toda, disse que não sabia e antes de poder continuar, o dito cujo me agarrou rápidamente por trás com muita força, e disse que não queria saber nada de endereço, o que queria mesmo era me comer! Morri de medo! Clarooooooo! Primeiro pela violência do fato em si, depois porque pensei que ia virar picadinho! Pensa! Na mesma hora imaginei que ele ia me cortar toda e me cozinhar sei lá onde! Affffffff! Agora tenta visualizar a coisa toda! Eu estava exatamente numa estrada de terra batida, no meio de uma mata, sem ninguém que pudesse me socorrer! Olha, pra falar a verdade até que o Terrível camaleão naquela hora me pareceu uma lagartinha mansa. Sério! Ele havia tapado minha boca com uma de suas mãos, enquanto a outra me apertava contra seu corpo. Tentei me soltar me debatendo, até que ele folgou a mão que estava em minha boca. Resultado, o mordi com muita força e comecei a gritar chamando por minha mãe, não sei por que ele se assustou com isso! Ninguém podia me ouvir! Eu acho nè! Por sorte a me ver livre sai correndo, cheguei a casa pálida e com muito medo, nem conseguia respirar direito, minha mãe aflita com minha palidez, me perguntou o que havia acontecido, então falei que tinha encontrado um canibal. Não ri não! Juroooo que pensei que era isto mesmo! Meu relato causou um rebuliço entre todos, e imediatamente armados dos famosos arcos e flechas saímos a procura do cruel fascinora comedor de gente. Bem, tudo acabou virando uma farra daquelas, afinal em cada um de nós habitava um super herói! Éramos uma espécie de liga da justiça, mexeu com um, mexeu com todos. Depois deste acontecido sempre íamos a mercearia em duplas. Interessante é que eu não compreendia lá muito bem o porque dos mais velhos rirem toda vez que eu contava esta história! afinal ,meu encontro com este personagem não foi muito agradável! Devo dizer que só entendi o real significado daquelas palavras proferidas pelo canibal da mata, muito tempo depois. Minha inocência foi preservada. Isto agradeço até hoje, porque até posso falar neste assunto sem sentir mal estar, também agradeço a Deus por ter me dado pessoas de sentimentos tão nobres e com coragem o bastante para até hoje, se for preciso, agir em defesa daqueles que lhes são caros. Meu maior presente a vida já me deu, a minha família, este é o meu maior legado.

Bem, o papo ta bom. Masssssssss… é hora de ir! Quem sabe em outro momento possamos nos encontrar novamente, assim, desse jeito, eu aqui contando meus causos, tendo você como companhia! Volte sempre, e se tiver alguma coisa que queira me contar é muito simples, basta escrever e enviar para este Email. Zannah@hotmail.com , saberei ouvir com muito cuidado e apreço, e se você quiser postaremos com muito prazer! Então, um abraço e até outro dia!



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