Assim sendo, é na 34ᵃ semana do tempo comum que se encerra o ano litúrgico 2009, com a celebração eucarística dominical intitulada: Jesus Cristo, Rei do universo. No domingo seguinte, inicia-se o ano litúrgico 2010, com o Tempo do Advento. São quatro semanas de espera, tempo de penitência, de preparação para a celebração do natal ou do aniversário do nascimento de Jesus Cristo.
Contudo, pode-se surgir a seguinte pergunta: o que na verdade as pessoas do nosso tempo esperam? Esperam coisas, oportunidades, sucesso na vida? Todavia, baseado na realidade humana atual, pode-se dizer que a esperança está sumindo do imaginário das pessoas? Elas estão vivendo a vida somente por viver? Se há esperança, que tipo elas possuem?
Pode-se perguntar também: diante do dinâmico progresso tecnológico e científico, Jesus Cristo é ainda a esperança para o mundo contemporâneo? E quando esse mesmo progresso apresenta suas limitações ou acarreta danos ao mundo e às pessoas, Jesus Cristo se faz necessário ao mundo atual? E quando na história da humanidade surgiram e surgem homens e mulheres, com suas contribuições em prol da liberdade no sentido amplo do palavra, o personagem Jesus Cristo perde o seu espaço, visto que suas idéias podem ser vista como ultrapassadas, fora do contexto atual? Diante disso, qual a localização exata de Jesus no contexto atual?
Na verdade, a vida é uma contínua espera, não no sentido estático, mas no sentido dinâmico. Por exemplo, o homem, no uso das suas faculdades mentais, espera encontrar a verdade sobre a vida: passado, presente e futuro. De onde veio, que deve fazer e para onde vai. Espera também encontrar a verdade sobre as realidades materiais, psicológicas e sobrenaturais.
Do ponto de vista familiar, os pais investem nos seus filhos, porque esperam que eles começem a explorar o mundo: o mundo da escola, do trabalho, dos relacionamentos, criando oportunidades e sendo, portanto, responsáveis por todas as consequências de seus atos. Com isso, esperam que eles sejam felizes, numa projeção inconsciente de si mesmos. Do ponto de vista social, há a esperança de que a fome e a sede de justiça sejam uma realidade na vida de todos os povos. Do ponto de vista religioso, muitos também esperam encontrar respostas em experiências místicas de diversas formas, seja a partir do interior do homem, nas chamadas religiões naturais, seja a partir de um contato com o transcendente, nas chamadas religiões sobrenaturais.
Em suma, mesmo diante de tantos problemas apresentados nas diversas esferas da vida, o homem sempre carrega dentro de si o mínimo que seja de esperança de chegar a dias melhores. É só fazer uma leitura da história humana.
Depois deste diagnóstico, pode-se dizer que a importância do tempo do advento, celebrado a cada ano na e pela Igreja, é a certeza de que a esperança é uma das qualidades presentes na vida da Igreja e na vida do homem.
A importância do Advento consiste, portanto, na certeza de que a vida humana deve ter como ponto de partida e de chegada Jesus Cristo, porque tudo foi feito por meio Dele e, sem Ele, nada poderia ser feito.
É verdade que os avanços tecnológicos e científicos são frutos da pontecialidade da razão humana. Também é verdade que os grandes libertadores humanitários exerceram e exercem um papel fundamental para a construção de um mundo melhor. Mas também é verdade que, desde Adão até os nossos dias, Deus tem sempre se manifestado ao mundo, e seu Espírito, que é o mesmo Espírito de Jesus Cristo, impulsinou e impulsiona os homens a administrar a realidade humana, mesmo que em alguns momentos da história o próprio homem tenha agido seguindo os seus próprios impulsos, gerando, em diversos casos, mazelas a si mesmo, ao mundo e à sociedade.
Portanto, o advento significa a espera daquele que pode nos proporcionar uma visão verdadeira de nossas idéias, equilíbrando as nossas ações, proporcionando a paz ao homem e ao mundo. Isso porque Ele é o Caminho, a Verdade e a Vida (Jo 14,12)
Ele é o caminho, porque todos podem encontar Nele e por Ele o rumo certo. A ação de seu Espírito orienta o homem em suas decisões, investigações, questionamentos;
Ele é a verdade, porque as suas palavras são luzes para os nossos passos, tanto no aspecto individual como no coletivo. Nele não há falsidades. Quem lê ou ouve as suas palavras e as põem em prática, nunca errará, e todas as teorias e decisões do homem serão também para o bem de todos, para o bem comum. As palavras de Jesus orientam o homem diante de tantas outras palavras que aparecem como solução para diversos problemas da humanidade. Para que o homem não falte com a verdade em qualquer teoria formulada, é necessário que as palavras de Jesus contidas nas Sagradas Escrituras sejam a bússola para definir as idéias. Todos os ensinamentos e discursos feitos por Ele aos seus apóstolos e às multidões, demonstraram que a espera e a esperança dos homens devem ser orientadas por tudo aquilo que Jesus disse e fez, para que as ações deles sejam um reflexo das ações de Jesus Cristo;
Ele é a vida dos homens. Nenhum homem poderia intitular-se assim. Mas Jesus pôde afirmar isso. Ele não é somente homem, é também Deus, o Verbo de Deus. Deus pode dar a vida aos homens. Ele, assim, o fez. Com e pelo batismo, o homem recebe a vida de Deus em sua alma, a vida no e pelo Espírito, que o impulsiona a lutar pela vida dos homens e do mundo. Por isso que todos “libertadores humanitários” e todo progresso humano têm como princípio o Espírito de Deus que impulsiona o homem a agir. Jesus Cristo é a única e verdadeira revelação de Deus. E se tudo foi feito por meio Dele e sem Ele nada poderia ser feito, toda ação do homem em prol da felicidade do próprio homem, tem como princípio Jesus Cristo porque o homem foi feito à imagem e semelhança de Deus.
Pe. Antonio Carlos dos Santos (Pe. Neves)
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