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Eridenes: A História manifesta de um Herói Atípico- 1º capítulo- Parte dois


Por Zanah Rios

Parte 2

A Mulher


Sentado à mesa, tinha os olhos postos na fumaça que saia da caneca cheia de café, acompanha mento de um prato com cuscuz e ovos fritos. A cozinha cheirava a gordura.

-Homi, mas você não se arremeda! Trouxe uma costela toda ensebada! Quase não se vê carne! - Dizia uma mulher de mais ou menos 1,60 de altura pesando 90 quilos e uma voz de taquara rachada.

-Estremeceu num misto de asco e dor quando ouviu aquela voz que o chamava a sua real condição de... pai de família! Não respondeu.

-É isso que você traz pra seus filhos comer! Sebo?! Nem a Madona vai querer!

- Madona era uma vira-lata branca com manchas marrons , magra e pulguenta, o parque de

diversões da cachorrada do bairro-

-Não sei onde estava com a cabeça quando me juntei com você, um imprestável!

- A mulher começou sua lamentação costumeira-

-Mas, glória a Deus! Jesuis seja louvado por ter me dado esta cruz tão pesada! Olha Eridenes!

-o nome do pobre que a tudo ouvia calado-

-Você se dê por satisfeito comigo porque outra não ia te aguentar não!...

- A mulher não parava-

Quis levantar-se, mas sem forças, respirou fundo e levando a caneca até os lábios sorveu um grande gole do café quente que escorreu em sua garganta, fechou os olhos, neste momento se transportou a casa de sua infância, viu-se diante de sua mãe, uma bela mulher de pele bronzeada devido ao sol inclemente que a castigava diariamente na lavanderia, que ele conhecia bem, pois sempre a ajudava no recolhimento das peças , era considerada a melhor lavadeira da cidade por seu capricho no trato com as roupas, tinha um corpo esguio e de ancas largas, possuía uma voz aveludada , adorava quando ela cantava cantigas de roda pra ele, em suas recordações quase podia sentir o cheiro da grama misturada com sabão onde coaravam as roupas.

Jesus está aqui Aleluia! Tão certo como ar que eu respiro...tão certo como amanhã …

Foi despertado de súbito por duas vozes cantando esta música, a que vinha do rádio, era de um pastor pentecostal e a outra de Margarida que emitia sons quase incompreensíveis.

-Aleluia! Irmãos tenham fé ! Jesus quer entrar em sua casa! Abram as portas pra que ele entre...

– dizia a voz no rádio-

-Glória a Deus! Jesuis está aqui! Vai homi! abre teu coração pra receber Jesuis, sai das treva!

- ela aumenta o rádio-

Eridenes sente que ela está querendo empurrar Jesus junto com o café goela abaixo . Ele só conseguia pensar na maravilha que seria se tivesse se casado com uma muda. Nem ela e agora nem o pastor calavam, era gritos de glórias e exaltações a um Deus que eles insistiam em dizer que estava ali, mas... onde?! Se pelo menos fizessem silêncio talvez o percebesse e quem sabe até poderiam conversar em paz. Imaginou um cara cabeludo, barbudo, de túnica branca com as mãos nos ouvidos, fazia uma cara sofrida, maneava a cabeça como quem dissesse...

O que foi que eu fiz?!

Nem Jesus aguentava aquilo.

-Margarida! Jesus está aqui!

- Disse num tom sarcástico-

-Glória ! Aleluia! Deus seja louvado!

- Ela se ajoelha e solta uns chalálalaberum... -

Tinha as mãos levantadas e olhos fechados, dizia estar falando a linguagem dos anjos.

- Ele, sentia-se encolher na cadeira-

Aquela cena patética de sua mulher ajoelhada entre o fogão a pia e a mesa onde estava, lhe tirava o ar. Lembrou-se quando a conheceu, era uma moça interessante, atraente, cheia de sonhos, tinha mãos delicadas e uma pele assentada, seus olhos brilhavam quando se encontravam, fizeram planos de uma vida promissora.

- O que havia acontecido com eles?!

Sentia culpa e asco de si mesmo por sentir tal culpa.

-ONDE HAVIA ERRADO?!

Estas perguntas gritavam dentro de si. Sem respostas, só questionamenstos inquietantes que fizeram uma lágrima rolar de seus olhos, que naturalmente foi logo contida pelas costas de sua mão direita.

-Eu sou homem! E homem... não chora!

Num ímpeto, quis levantar novamente e desligar o rádio, mas, conteve-se pra evitar uma briga desastrosa, sua cabeça parecia rodar e num esforço quase sobre-humano pediu gentilmente que ela o servisse de mais café. No que foi atendido, entre lamuriosas reclamações, ainda a respeito das benditas costelas de boi.




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